Aconteceu na Câmara

Esses dias, fui na Câmara dos Deputados, mais expecificamente na rádio Câmara para tentar que retransmitissem o programa do qual sou colaboradora. A rádio fica no anexo 4: sei lá explicar o que significa isso. Estava meio aflita, dava a impressão de estava entrando em um palácio de um reino muito distante. Dava para sentir o poder diluído no ar entrando por minhas narinas conforme adentrava ao local o que me causava mais medo ainda, afinal, não passo de uma plebéia. Segurei o medo e fui perguntar ao segurança onde ficava a direção da rádio. Achei que iria me sacar uma arma, me encher de adesivos escrito "visitante" antes que pudesse abrir a boca. Estava enganada, o segurança era um rapaz franzino, me recebeu com um sorriso e explicou como chegar ao meu destino. Não, nem um adesivinho, confesso que até queria um, fiquei um pouquinho decepcionada, pois estava preparada para ficar brava com um comportamento mais agressivo para com os visitantes. Tudo bem, quando eu chegar na recepção aí sim vou ficar muito zangada. 

-Bom dia, eu tenho uma reunião com fulano.  (não vou dizer o nome dele aqui, né?)
-Ah, o diretor? Qual é o seu nome?
- Aline Mariano.
- Ele já está a caminho, pode sentar-se que ele já chega.

Droga agora sim vou ficar mofando aqui no sofá, pensei. Mas antes de começar a ficar brava fui interrompida:
-Gostaria de um café, uma água ou chá?
- Não obrigada, ou melhor, aceito sim um café. Onde pego?
- Pode deixar que te trago.
- Obrigada.

Logo vem a moça simpática com um maravilhoso espresso. Hummm, adoro espresso e pela qualidade do café, já vi que vou ter que esperar um montão. Estava enganada mais uma vez, assim que terminei a xícara, o diretor me chama pelo nome. Um senhor bem simpático me recebeu e escutava interessado tudo que tinha para falar. O resultado da conversa não poderia ter sido melhor. Depois de tudo acertado, resolvi dar uma volta por alí, é a casa do povo mesmo, não vão poder me tirar dalí só quero conhecer o lugar. Conforme fui indo para perto dos gabinetes, as pessoas tinham as caras mais fechadas e os ternos mais caros. Derrepente me vem a visão ao longe de uma multidão de roupas comuns, como a minha e quando fui chegando mais perto, percebi vários engravatados com anéis e relógio dourados, super bregas diga-se de passagem, literalmente desviando e até correndo de onde se encontrava o aglomerado. Até que um desses sujeitos que corria esbarrou em mim e nem olhou para trás, um grosseiro. Cheguei um poco mais perto, pero no mucho, ví uma câmera e uma mulher de terno preto. Ah, sim, é o pessoal do CQC! Percebi que os que fugiam eram os que não sabiam as respostas de perguntas que qualquer um sabe, mas aqueles ternos banhados a ouro não sabiam. Fui embora com uma certeza: quem estuda para concurso que é o caso dos que te tratam bem dentro de um órgão de poder, são os mais gentis e cultos. Porém os ricos e poderosos esbarram em você sem pedir desculpas, são os que fogem da própria ignorância e só estão onde estão por causa de pessoas que trocam hospital por dentadura de graça.

O comentário que não quer calar, aposto: "Mas essa foto que pôs aí não é do Congresso, e muito menos da Câmara. Depois critica, sua ignorante".

Sim sei, Essa foto é do Museu da República que fica perto da Catedral no Eixo Monumental em Brasília. Agora adivinhe quem não sabe disso?

2 comentários:

  1. Querida, vc bem que podia cobrir as férias da Monica Iozzi né? beijo

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  2. Gostei, ahahah...
    Defendo a idéia de que, para ser deputado ou senador, o cidadão deveria passar por provas de conhecimentos gerais, no mínimo.

    Gosto (ou gostava, não sei...) do CQC, apesar de alguns excessos de vez em quando. Pena que na última segunda-feira eles pisaram horrivelmente na bola, caindo no mesmo erro de vários deputados e senadores: a ignorância. Aquela de criticar o livro do MEC sem ler o que dizia o texto foi de lascar. Ou se leram, não entenderam, o que talvez seja pior...não seria caso nem de voltar pra faculdade, mas sim pra escola...

    Beijão!

    Sil
    esquinadasil.blogspot.com

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