Pânico e Depressão: Aconteceu Comigo-Parte 2

Agora é a vez da depressão. Nunca tive a doença propriamente dita mas, não tem muito tempo, passei por estado depressivo segundo o médico. Estava tudo muito bem na minha vida. Conquistando independência, conhecendo gente muito da bacana, fazendo um novo curso superior que estava adorando ,enfim, tinha a vida caminhando. Numa segunda-feira comum, toca o despertador às sete da manhã e logo percebi que algo estava errado. Não tive a mínima vontade de arremessar o raio do aparelho barulhento na parede e ter mais cinco minutinhos de sono. Sentia uma sensação de culpa, de dever não cumprido, como se tivesse feito algo e todos (não me pergunte quem) me julgavam. Me sentia o lixo onde foi jogada a bosta do cavalo do bandido. Levantei e caminhei até a cômoda com uma tonelada nas costas, tava difícil andar. Catei o primeiro vestido da gaveta, não importava qual, nada ali prestava mesmo. Aliás, nada pertencente a mim prestava. Fui até a cozinha onde Roberto tomava café. "O que você tem?", "Aconteceu alguma coisa?". Ele parecia ter visto um fantasma.  Eu não consegui pronunciar uma palavra, ou não tive vontade, sei lá. "Come um pouco, está pálida". Na mesma hora meu estômago embrulhou. "Não quero nada, só me deitar." Foi quando ouvi pelas costas: "Ih, você colocou o vestido do avesso". Por mais inocente que fosse o comentário e tendo consciência disso, foi o estopim, abriram-se as torneiras do chorador e meus olhos soltaram o tsunami. Drama de novela mexicana. Roberto veio todo preocupado: "Mas o que aconteceu, porquê está assim?". "Eu não seeeeeeeeeeiiiiii, buááááááá." Putz, tinha me dado conta que não sabia mesmo. TPM não era e não tinha brigado com ninguém. Que merda é essa?! Roberto tinha que sair para trabalhar e eu não ia sair de casa naquele estado. Passei o dia todo na cama entre cochilos e choros, só levantava quando a natureza chamava ou o telefone com um Roberto preocupado do outro lado da linha. Que dia longo! A noite foi mais longa ainda, não conseguia pregar os olhos. A palavra depressão não saía da minha cabeça, não tinha outra solução, pela manhã vamos ligar para o médico. Vossa majestade, o doutor me passou uns antidepressivos. Ok, vou tomar, mas antes vou ler a bula, é uma mania que tenho que acho saudável. Gosto de saber o que estou botando para dentro do meu sangue. "O que?!? Essa porcaria demora de quinze a vinte dias para fazer efeito?" Não acreditava que teria que chorar cada manhã que vestisse a roupa do avesso. Pronto, lá veio a enxurrada. Roberto teve a curiosa visão de minha pessoa segurando a bula aos prantos. Deve ter pensado que li os efeitos colaterais (aquilo realmente deprime). Mas nem tinha chegado lá ainda, estava na posologia. "O que houve, quer alguma coisa?". "Nãããão.... sniff...". Então, o que foi?". "A roupa do avesso... sniff". "Mas não está do avesso, meu amor". "Mas lembrei que botei do avesso ontem, buáááááá!". E foi essa novela até que começasse a melhorar. Alguém me disse que admira as pessoas que passam por esses problemas, enfrentam cobras e leões para fazer coisas simples como ir no armazém da esquina e levam a vida assim, as vezes por muito tempo. Os maiores gênios da história sofriam com essas coisas e eram tidos como loucos. Bobagem, só dizem isso para levantar a auto-estima de quem tem esses transtornos, é minha opinião. Mas se só um pouquinho de genialidade bater á minha cabeça um dia. Não vou pintar quadros nem inventar geringonças. Vou descobrir um antidepressivo que funcione NA HORA!

Nenhum comentário:

Postar um comentário