Como Lacei meu Gaudêncio

Sempre tive uma grande admiração pelos gaúchos e gaúchas. A cultura, o rito do chimarrão, a simpatia e principalmente o orgulho de sua terra, nação, país: o Rio Grande do Sul. A primeira palavra dita pelos piazinhos é uma gracinha. Não é buá, buá não, isso é coisa de criancinha comum, o bonitinho é: bah! E mais tarde com a coordenação da fala mais controlada, o fofinho bah vira barrbaridade, com bastante "r" que preenche e dá riqueza à prosa gaúcha. Se acompanhada do delicioso tchê, ah... aí a coisa se completa. Um barato! Quer dizer, um barato não: é tri legal tchê! Toda esssa minha adoração tinha de render frutos, um dia antes de dormir, anotei na agenda junto com os afazeres do dia seguinte: "conquistar o coração de um gaúcho". Mas não podia ser um gaúcho qualquer, tinha que ser ele, ele que ainda não sei o nome. Aquele que com a boleadeira agarrasse meu coração e como vitória, dançasse a chulla em cima até que virasse panqueca, ou melhor, cueca virada (dramático, não?). Não tive muito sucesso. Meu objetivo estava muito longe, há pelo menos dois mil quilômetros de distância. Nem a internet poderia me ajudar, com tanta abobrinha que escrevo de mim nos meus perfis sociais, ninguém ia me querer, mas sou legal, eu juro. Estava quase desistindo quando resolvi, como acontece raramente, ligar a TV. O tubo de elétrons me lembrou que estava acontecendo a Expotchê, uma feira gaúcha anual que acontece em Brasília. Ah, é para lá que vou agora. Cheguei lá, peguei uma taça de vinho e sentei para olhar o movimento e ponderar meu objetivo. Humm... trajado demais, come churrasco demais (sou vegetariana, o que complicou um pouco minha vida), comprometido demais (ih, tô fora). Até que veio uma moça muito bonita, me agarrou a mão dizendo: "Eu sei o que está procurando". Me arrastou até uma tenda no fim do local da feira e abriu uma cortina vermelha. Alí tinha uns vinte homens atrás de uma vitrine de vidro. Todos gaúchos e com certeza um vai te agradar disse a prenda sorridente. Não precisei olhar muito, logo meus olhos não conseguia desviar daquele, lindo, perfeito, do jeito que nunca imaginei. paixão arrebatadora, algo me dizia que ele também me olhava, sei lá. Cutuquei a moça: amo esse aí. Eu sabia, disse ela. Ela destrancou a vitrine e fomos de encontro um ao outro. Foi mágico, tudo perfeito, a não ser que tivessem botado algo no meu chimarrão. Estamos juntos até hoje, ele saiu de Porto Alegre para morar comigo em Brasília. 
Essa é uma história em homenagem ao meu gaudêncio, Roberto Muniz. Parte é verdade parte é fantasia mas o que importa é que te amo.

2 comentários:

  1. Oi Aline,
    Sabe, sou gaúcha. Nascida em Rio Grande, na pontinha do RS onde quase já não existe mais nada. Mas morei fora do estado e percebi o fascínio que este amor e orgulho exerce nas pessoas. Ser gaúcho poderia ser incluído no currículum, pois até dá uma boa impressão quando se fala isto.
    Uma vez um amigo veio me visitar e, de repente, ele dirigia e dava risada:-O quê foi?
    Ele respondeu:- Nunca imaginei que as pessoas realmente andassem à cavalo e vestissem bombachas e botas assim, de dia...Achei ue fossem só fotos.
    Pois é, não é. As tradições estão no nosso dia a dia e tomara que continuem assim.
    Buenas, é isso,
    Bjinho e um abraço de quebrar costela!
    Priscila Suita

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  2. Saudades de vc guria!!! Vê se ñ some viu? Ó já to com meu ingresso do Bon Jovi na mão, bora?
    Bjuxxx

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