Bairrismo Brasiliense

A auto-estima do brasiliense não anda muito alta. Não precisa chorar, temos muitas características fortes de uma cultura tão novinha que muitos não conseguiram em mais de 100 anos. 
Isso porque ser brasiliense é:

Poder dizer que mora num avião;

Pegar o BAÚ na parada;

Ter pais de diferentes cidades e misturar os sotaques dos dois;

Não se perder ao ir a um endereço que nunca foi. Brasília é organizada numéricamente e não com ruas com nome de gente que ninguém sabe quem foi;

Viver na cidade mais arborizada do mundo;

Ter o horizonte mais bonito, com o pôr do sol mais deslumbrante e poder assistir a esse espetáculo sem prédios altíssimos atrapalhando;

Ter orgulho da arquitetura futurista de Lúcio Costa;


Ter acesso a todas as culturas do Brasil em uma só cidade;
   
Achar que o lago Paranoá foi escavado, enchido de água e carpas que foram doadas por um embaixador japonês;

Dizer que Brasília é a única cidade do mundo que não tem esquinas;

Odiar ser chamado der candango, político ou goiano do quadradinho;

Ter orgulho de ter estudado na UnB por ser a melhor universidade do MUNDO;

Andar de camelo ao invés de bicicleta;






Morar na capital do rock;

Ir em show de banda cover;


Fazer a tesourinha para pegar o Eixão;


Respeitar a faixa de pedestre; 


Toecer para times de futebol de qualquer lugar do Brasil sem ser julgado;

Ser parecido com o Renato Russo e adorá-lo, porque o maior poeta do rock foi brasiliense;

Sentir emoção ao contar que os monumentos da cidade foram inspirados nas pirâmides do Egito;

Curtir uma CACHÚ na CHAPADA todo feriado;

Ir comprar pão de carro;

Passar a night de sexta no Beirute e sempre contar a história do bar mais famoso do Brasil;

Dizer que ama Brasília mas mesmo assim esvaziar a cidade e percorrer 1000 km para o litoral em qualquer feriado ou férias;

Dizer DF ao invés de Distrito Federal;

Chamar as cidades vizinhas de cidade satélite;

Se os gaúchos acham que o Rio Grande do Sul é um país, Brasília é um planeta inteiro, pois só planetas têm satélites;

Ir para uma baladinha a 30 km de distância e dizer que é pertinho;

Brasília não tem avenida, isso é coisa de cidade velha. Aqui tem vias;

Brigar com alguém de fora que fala que Brasília só tem ladrão e ter a resposta na ponta da língua: "Quem elegeu esse ladrão foi você e mandou para infestar minha cidade!"

Ter uma via  inteira livre, todos os domingos e feriados, para andar de camelo e dar uma corrida, que corta a cidade toda e tem 6 faixas mais a faixa presidencial... isso não é para qualquer um.


Recado aos que não sacam ironia: Isso é brincadeira, adoro todo o Brasil. Entendeu ou quer que desenhe?

Um comentário:

  1. Tem alguns textos que, de tão bons, nos fazem pensar: "esse eu gostaria de ter escrito".
    Foi assim que eu me senti ao ler o seu. Sou também apaixonada pela minha terra natal, assim como você! Gostaria que nossa identidade fosse reconhecida, pois não somos mais um amontoado de pessoas vindas de todos os cantos do Brasil, como gostam de nos denominar. Temos um modo de ser, de falar, de pensar e de se expressar muito peculiares. Partilho das suas ideias e acho que elas têm uma dimensão muito maior, na medida em que reafirmam uma cultura nascente, cujos protagonistas estão adormecidos. Viva o bairrismo brasiliense!

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