Filosofias Infantis

Cara, é incrível a gente reparar no modo que as crianças pequenas vêm o mundo. Parece até que são mais objetivas, o que é real é aquilo que elas vêm. Esse negócio de fantasia do tipo Disney, é coisa inventada por adultos. As vezes o modo de elaborar ou resolver algum problema é muito menos burocrático que o dos adultos. Vou citar uns exemplos de situações que presenciei ou fui protagonista, nada tirado de correntes de piadinhas virtuais. O que me vem primeiro à cabeça é o que gerou o tema desse post.

Meu irmão, quatro anos mais velho, adorava me encher de moral politicamente corretas quando eu tinha por volta de cinco anos. Se saboreava uma tigela de cereais e antes de acabar ia para a cozinha jogar o resto no lixo, lá vinha meu irmão com o blá, blá, blá:
- Não joga o resto fora, tem tanta criança que passa fome.
- Você quer o resto? eu perguntava e ele negava.
- Pois então se eu comer, aí é que as crianças vão continuar com fome. Não vai sobrar nada.

O pais perguntam as coisas mais óbvias. Sabem a resposta mas querem ouvir da boca dos filhos para castigá-los sabendo que irão mentir. Eu tinha uma saída que livrou de vários dias sem ver televisão. Minha mãe chegou em casa e percebeu que havia um vidro quebrado. Claro que tinha sido eu que quebrei, brincando com o skate:
- Aline, foi você que quebrou?
- Não. Dizia com medo de apanhar.
- Tem certeza?
- Tenho, mas não juro nem prometo.
Acho que isso a confundia a cabeça ou achava bonitinho meu jeito de admitir a culpa. Só sei que me livrava da palmada.

Uma coisa chata é quando ficam perguntando em que o pai trabalha. Quando fui voluntária numa creche cuidando de crianças entre dois e três anos, a coordenadora teve a brilhante idéia de fazermos essa pergunta para cada um, o dia dos pais estava chegando. O que ela esperava? Que alguma criança iria dizer que o pai era analista de RH ou gerente administrativo de uma multinacional? Mas fazer o que? Ela mandou, vamos fazer. Esse guri me surpreendeu. Sabíamos que sua mãe deixava o marido no trabalho primeiro e depois o guri na creche. A única coisa que via, era o pai entrando na empresa acenando para o filho até sumir. Chegou a vez dele:
- Então, o que seu pai faz?
Levantou orgulhoso e disse:
- Meu pai é entrador de elevador!

Ainda nessa creche cuja coordenadora era muito "criativa", pediu que depois perguntássemos que profissão iriam seguir, ou melhor, o que queriam ser quando crescer. Tinha um guri que morava só com o avô que era chef de cozinha. E como o moleque adorava esse avô... era a paixão de sua vida.
- O que vai ser quando crescer?
- Quero ser igual meu avô.
- Mas o que ele faz?
- meu avô é "cozinhor" ué.
Logo veio se intrometer um outro moleque:
- Que droga, cozinha é coisa de menina, quando eu crescer quero ser um leão!

Será que ele conseguiu?

Um comentário:

  1. - Que droga, cozinha é coisa de menina, quando eu crescer quero ser um leão!

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    sensacional!!!!

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